Assembleia discute ampliação de barragens subterrâneas no Estado
O semiárido brasileiro abrange nove estados, entre eles Alagoas. O grande problema, segundo a Embrapa, é que a média anual de precipitação pluviométrica varia entre 200 a 800 mm e a evaporação é de 2.000 mm, ou seja, a quantidade de água que evapora é de 2,5 vezes maior que a média da chuva na região nestes estados, por isso, segundo estudos da Embrapa, é fundamental que as famílias tenham reservatórios para guardar água das chuvas para o período de estiagem e uma das alternativas recomendadas é a barragem subterrânea.
Neste sentido e atendendo a um requerimento da deputada Fátima Canuto (PRTB), aprovada por unanimidade no plenário, a Assembleia Legislativa de Alagoas realizou nessa sexta-feira, 10, uma sessão especial para debater a situação das barragens subterrâneas em Alagoas. De acordo com a propositora da sessão, a ideia foi debater assuntos importantes como manutenção, construção e funcionamento das barragens.
Segundo a deputada, o encontro serve para que todos possam entender qual a necessidade do Estado construir mais barragens e também para saber como funcionam as que já existem. Fátima Canuto disse ainda que o assunto é de extrema importância e que precisava ser levado a debate, para que se possa conhecer melhor os projetos para a região e fortalecer o semiárido alagoano.
“O semiárido alagoano sofre muito com a falta de chuva e, consequentemente, com a seca. Os agricultores penam demais com isso e, uma alternativa - além do Canal do Sertão - é a barragem subterrânea, que é mais econômica e que pode beneficiar muitas famílias, mudando completamente a vida do entorno destas. Como se trata de um assunto que não é tão debatido a gente quis trazer para a Assembleia para que os técnicos mostrassem a viabilidade da construção de novas barragens subterrâneas que são tão importantes para o desenvolvimento e o fortalecimento da agricultura familiar mas também da bacia leiteira do Estado de Alagoas”, destacou.
A pesquisadora da Embrapa, Maria Sônia Lopes informou que Alagoas possui atualmente cerca de 100 barragens subterrâneas e falou que no mento existem estudos para a construção de outras barragens no Estado. “A nossa pesquisa é fruto de um trabalho de estudo geoambiental, tipo de solo e relevo que estamos desenvolvendo em todo semiárido brasileiro e Alagoas possui uma base de solo atualizada no sistema com zoneamento. Estamos estudando agora os ambientes para construção de novas barragens e vamos entregar em breve ao Estado um mapa com estes estudos”, disse a pesquisadora.
O agricultor de São José da Tapera, Edézio Alves Melo, conhecido como seu Dedé, que foi contemplado com uma barragem há dez anos, disse que a barragem subterrânea mudou sua vida. Ele afirmou que toda semana tira hortaliças para vender na feira e nos supermercados da região. “Na localidade somos seis famílias e não temos inverno há seis anos. Através da barragem subterrânea estamos trabalhando todos os dias e se mantendo com cultivo de do milho, feijão, maracujá entre outras coisas”, disse.
O secretário executivo de gestão interna da Secretaria estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Alex Gama de Santana destacou que o Estado vem fazendo convênio com o Governo Federal, através da Embrapa, para o desenvolvimento de pesquisas de aluviões para a construção de barragens subterrâneas. “Temos interesse de contribuir com este processo - daí estes estudos, já que no passado foram feitas várias barragens sem as devidas pesquisas e muitas delas hoje em dia ficaram enviáveis. Fora isso, temos ainda micro sistema de irrigação de abastecimento de água, programa de dessalinização, ou seja, além das barragens temos uma séria de programas voltado para o semiárido, inclusive um programa de água subterrânea específico. Estamos a disposição dos órgãos governamentais e das empresa de pesquisas”, afirmou.
Participaram ainda da sessão os deputados Gilvan Barros Filho (PSD), Ângela Garrote (PP) e Inácio Loiola (PDT); técnicos do Sebrae e da Embrapa, agricultores do semiárido alagoano; representantes da Universidade Federal de Alagoas, secretários municipais, representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Alagoas e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de prefeitos e vereadores.
Barragem subterrânea
Segundo a Embrapa é uma tecnologia de captação e armazenamento de água de chuva para produção de alimentos. Possui a função de reter a água de chuva que escoa em cima e dentro do solo, por meio de uma parede construída dentro da terra e que eleva a uma altura de cerca de 50 cm acima das superfícies, no sentido transversal à descida das águas. Ela forma uma vazante artificial temporária nas qual o terreno permanece úmido por um período de dois a cinco meses após a época chuvosa, a depender da quantidade de chuva ocorrida, permitindo a plantação mesmo em época de estiagem.