Assembleia promove amplo debate sobre segurança nas escolas
A Assembleia Legislativa de Alagoas recebeu nesta quarta-feira, 19, os secretários estaduais Flávio Saraiva (Segurança Pública), Marcius Beltrão (Educação) e Kelmann Vieira (Prevenção à Violência) para debater sobre a segurança nas escolas de Alagoas. Além deles, estiveram presentes representantes da sociedade organizada, que puderam apresentar soluções envolvendo a comunidade escolar. A reunião foi comandada pelo deputado Silvio Camelo (PV) e contou com a participação dos deputados Francisco Tenório (PP), Cabo Bebeto (PL), Fernando Pereira (PP), Delegado Leonam (União Brasil), Dudu Ronalsa (MDB), Ricardo Nezinho (MDB), Doutor Wanderley (MDB), Mesaque Padilha (União Brasil) e as deputadas Rose Davino (PP) e Fátima Canuto (MDB), além de integrantes do Sindicato dos Trabalhadores da Educação, Ronda do Bairro e conselheiros tutelares.
De acordo com o líder do Governo na Casa, Silvio Camelo, a reunião foi agendada após vários parlamentares apresentarem requerimento de convocação para que os secretários viessem explicar à Casa quais as ações estavam sendo realizadas para inibir ataques às escolas no Estado, após as tragédias ocorridas em uma creche na cidade de Blumenau/SC e numa escola pública no Estado de São Paulo. “Juntamos todos os secretários para que cada um diga o que está sendo feito na sua pasta e também ouvir a sociedade e apresentar sugestões”, disse Camelo, informando que o Governo está trabalhando por meio do seu serviço de inteligência e que pessoas já foram presas por espalharem fake news. “É bom que se divulgue isso, para desestimular outras pessoas a essa prática nociva à sociedade, num momento tão delicado que deixa todas as famílias angustiadas”, observou o líder governista, destacando o papel importante da Assembleia Legislativa nesse momento.
O primeiro secretário a falar foi Marcius Beltrão. Ele lembrou o que aconteceu na cidade de Blumenau e garantiu que a Educação em Alagoas vem trabalhando junto a comunidade escolar para evitar que fatos como este venham a ocorrer no Estado. “O Governo está atuando em unidade para inibir qualquer ato que por ventura venha a acontecer daqui por diante. A Secretaria de Educação vem trabalhando junto aos diretores e profissionais da comunidade escolar. É fundamental que a gente transmita tranquilidade. Temos que educar os meninos e capacitá-los para enfrentar o Enem. Para isso estamos colocando à disposição das escolas profissionais nas áreas de Psicologia e Assistência Social ”, disse.
Durante a reunião, o secretário Flávio Saraiva garantiu que não há caso de violência nas escolas de Alagoas. “O que aconteceu foi uma proliferação de perfis falsos contendo ameaças, mas todos foram identificados e alcançados pela Delegacia de Crimes Cibernéticos, comandada pelo delegado Sidney Tenório. Em seguida foi a vez de o próprio Sidney Tenório falar. Ele, que está à frente das investigações, afirmou que todo o trabalho está sendo feito para coibir possíveis ataques às escolas do Estado. O delegado contou que após o ataque à creche em Blumenau/SC, vários perfis falsos foram criados em todo o País, com o intuito de provocar pânico na sociedade. Após o episódio foram recebidas uma média de 100 denúncias em Alagoas, sendo constatados 15 casos de perfis falsos, que resultaram em 20 apreensões de adolescentes. “Estamos monitorando todas as redes sociais. Fiquem tranquilos que o trabalho está sendo feito e no momento não há nenhum caso de ameaça no Estado”, garantiu o delegado.
O titular da Secretaria de Prevenção à Violência, Kelman Vieira, foi o terceiro secretário a falar e destacou a necessidade de um trabalho multidisciplinar nessa questão, mas reconheceu que o clima de pânico afetou pais, alunos e professores, mesmo sem casos de violência escolar em Alagoas. "Escolas particulares nos acionaram para fazer rondas devido a boatos. Alunos não querem ficar em um ambiente que deveria ser o mais seguro para nossas crianças", disse Kelman, lembrando que alguns pais também estão evitando enviar seus filhos para a escola. "Pais, alunos e professores estão adoecendo. Sou delegado e, em 20 anos de carreira, nunca vi esse clima de terror", afirmou Kelman. O secretário finalizou parabenizando o governador de Alagoas e o secretário de Educação pelo plano de reforçar a rede de psicólogos nas escolas. "Nossas crianças estão doentes e, antes de detectores de metal ou botões de pânico, elas precisam de tratamento psicológico", declarou Kelman Vieira.
Girlene Lázaro da Silva, secretária adjunta de assuntos educacionais do Sinteal, manifestou-se contra o policiamento ostensivo em escolas. "Nossa concepção de escola é de um espaço de convivência humana, de atenção, de saberes. Não é um espaço onde cabe policiamento. Lá cabe prevenção". Segundo a compreensão do Sinteal, o trabalho com política de Estado deve ser voltado para a prevenção, utilizando principalmente a inteligência. A educadora também considera necessário orientar os profissionais das escolas e os pais sobre como lidar com essa questão junto aos seus filhos.
Parlamentares
Francisco Tenório disse que não apenas os ataques a escolas, mas também as fake news com ameaças na internet precisam ser combatidas. Ele ressaltou que é preciso trabalhar com prevenção e proteção do ponto de vista psicológico, para que professores tenham como identificar os alunos com comportamento diferenciado. Cabo Bebeto defendeu que o Estado possa expandir o Programa Ronda do Bairro nas escolas da forma mais célere possível, para que a comunidade escolar possa sentir mais segurança em seu trabalho.
Ações de segurança emocional, com integração das secretárias envolvidas, foram defendidas por Ricardo Nezinho. Já Alexandre Ayres afirmou que a sociedade está doente e que é necessário cuidar da saúde mental de todos. Ele cobrou o cumprimento à lei que prevê a contratação de psicólogos e assistentes sociais nas escolas. Para a deputada Rose Davino é importante a presença de equipes multiprofissionais nas escolas, além da união de toda a sociedade na busca por uma solução definitiva. Fernando Pereira informou que apresentou um projeto de lei criando o Programa Estadual contra Atentados Violentos nas Escolas, o qual engloba palestras, canal rápido com a PM, serviço de apoio religioso, criação de um gabinete de crise e capacitação para se detectar violência nas escolas.