Assembleia realiza debate sobre políticas de saúde mental e a luta antimanicomial
Atendendo ao requerimento do deputado Ronaldo Medeiros (PT), a Assembleia Legislativa realizou nesta sexta-feira,12, uma sessão especial em alusão ao Dia Nacional de Luta Antimanicomial, comemorado no próximo dia 18 de maio. A sessão, que foi comandada pelo deputado Léo Loureiro (MDB) contou com a presença de profissionais da área (psicólogos e assistentes sociais), pacientes e da sociedade civil organizada.
O deputado Léo Loureiro destacou a importância da discussão para que o parlamento possa tomar conhecimento das dificuldades e das necessidades. “Hoje é um dia especial e mostra que a saúde mental precisa ser cada vez mais discutida. É preciso colocar em pauta as reais necessidades da sociedade no sentido de que possamos sempre evoluir. Leis nós já temos, precisamos é que a sociedade tenha acesso a execução destas leis”, destacou.
A supervisora da atenção psicossocial da Secretaria Estadual de Saúde, Tereza Cristina Moura, lembrou que a luta manicomial é histórica e que os serviços de saúde, não só os ligados diretamente a saúde mental, precisam de mais incrementos de ações para que se fortaleça cada vez mais. “Este é um momento ímpar para que possamos mostrar os avanços que tivemos ao longo dos anos no que se refere a política manicomial. Nossa luta é para que as pessoas com sofrimento psíquico sejam cuidadas em suas comunidades e não mais segregadas em hospitais psiquiátricos”, afirmou.
Tereza Cristina informou que existe no Estado uma rede de serviço tripartite no SUS, onde o município executa e o Estado supervisiona e orienta. “Temos os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), as unidades de acolhimentos, com leitos exclusivos para a saúde mental nos hospitais gerais, e os centros de convivência. Apesar disso precisamos avançar mais. Depois da pandemia se faz necessário, ainda mais, olharmos com mais carinho para a saúde mental”, disse.
A representante do Fórum de Saúde Mental de Maceió, Marli Márcia de Souza, destacou a luta por uma Rede de Atenção Psicossocial forte com dignidade e qualidade de vida para as pessoas que têm problemas de saúde mental. “Não queremos nenhum passo atrás, manicômio nunca mais. O Movimento da Luta antimanicomial faz lembrar que como todo cidadão tem o direito fundamental à liberdade e o direito a viver em sociedade. Neste momento estamos reivindicando mais Caps e que eles funcionem por 24 horas”.
A assistente social e paciente do Centro de Atenção Psicossocial Osvaldo Silva na cidade de Palmeira dos Índios, Terezinha de Jesus Barbosa disse que já foi internada em um manicômio e que hoje milita como membro do conselho municipal de saúde daquela cidade. “Em 2014 fui internada no sistema manicomial em Arapiraca e fiquei lá por 90 dias e hoje sou acompanhada no Caps. Pela minha experiência, vejo uma grande diferença no tratamento e é por isso que hoje eu luto por cuidar das pessoas com liberdade dentro de sua comunidade e vivendo em sociedade. No manicômio, por exemplo, tínhamos hora pra tudo, inclusive para tomar banho e comer, já nos Caps temos liberdade de comer e tomar banho a hora que eu quero”, afirmou.
18 de Maio
O Dia Nacional da Luta Antimanicomial, 18 de maio, foi criado por profissionais da saúde mental em favor da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde para pessoas com transtornos mentais, tendo como lema “uma sociedade sem manicômios”. A ideia é o direito à liberdade e ao tratamento adequado, primando por uma atenção mais humanizada, com base comunitária somada à reabilitação psicossocial para que, desse modo, todos possam exercer sua cidadania.
Por motivo de força maior, o deputado Ronaldo Medeiros não pôde comparecer mas deixou um recado: “O Brasil ainda precisa avançar na maneira como realiza os tratamentos de pessoas com deficiência mental e se espelhar mais nos métodos da alagoana Nise da Silveira”. Também participaram da sessão o psicólogo da Associação dos Familiares e Usuários de Serviços de Saúde Mental de Alagoas, Luiz Antônio Moreira; a presidente do Comitê Estadual de Prevenção e Posvenção do Suicídio de Alagoas, Delza Gitaí; a diretora-geral do Hospital Portugal Ramalho, Maria Dorivada Andrade; familiares de pacientes, pacientes e a sociedade civil organizada.