Cancelamento e proibição de festas de réveillon entram em debate
A possibilidade de o Governo proibir a realização de eventos de final de ano, a exemplo dos tradicionais réveillons, sob o argumento de inibir o avanço dos casos de Covid-19 em Alagoas, foi contestada durante a sessão ordinária desta quinta-feira, 3. A maioria dos parlamentares que discutiram o assunto considerou a medida como uma “hipocrisia”, tendo em vista as campanhas eleitorais encerradas no último domingo, 29, que geraram aglomerações em todo o Estado. Primeiro a abordar o tema, o deputado Davi Maia (DEM) mostrou-se preocupado com o prejuízo que, se confirmado, a medida trará para o comércio, os ambulantes, os produtores de eventos, o setor turístico e sobretudo as prefeituras que investiram na realização dos eventos.
“Imaginem todas essas cidades que se prepararam e agora vem o Governo do Estado dizer que não haverá mais festa”, disse o democrata, ressaltando que participou das campanhas eleitorais, assim como também fizeram o governador Renan Filho e o secretário de Saúde, Alexandre Ayres, e os secretários municipais de Saúde. “Como dizer agora para o comerciante, para o produtor de evento e para o ambulante que eles não podem trabalhar? Qual a condição política tem de se proibir a realização desses eventos que estão programados, mesmo com toda condição sanitária, mesmo com projetos baseados em estudos de universidades?”, questionou Davi Maia, fazendo um apelo ao Governo e ao secretário Alexandre Ayres para que repensem a adoção da medida.
Em aparte, o líder do Governo a Casa, deputado Silvio Camelo (PV), disse que a questão das eleições não foi uma medida adotada pelo Executivo alagoano, mas uma decisão da Justiça Eleitoral e do Congresso Nacional, e que isso contribuiu para o aumento no número de casos de Covid-19, e que a grande preocupação do Governo é em conter o avanço do vírus e evitar uma segunda onda da doença. “A preocupação primeira continua sendo com as vidas; a economia vem depois. Não é e não será fácil. Teremos que ter, nesse momento, a união do Estado e das prefeituras para que possamos continuar combatendo a pandemia”, defendeu o líder governista.
Os deputados Bruno Toledo (PROS), Gilvan Barros Filho (PSD) e Léo Loureiro (PP) e a deputada Cibele Moura (PSDB), também em apartes, manifestaram seus posicionamentos sobre a questão. Toledo apelou para que as autoridades do Executivo repensem as medidas que limitam a atividade comercial, principalmente as que estão atreladas ao turismo. “Certamente gerará uma indignação da sociedade, que não respeitará essas medidas”, avalia o parlamentar, observando, no entanto, que respeita e tem muito cuidado com as questões sanitárias.
Gilvan Filho questionou o período em que foi verificado o aumento dos casos da Covid-19. “Pararam de fazer as análises de como estava a Covid e o nível de contaminação da população durante a campanha e retomaram agora? Creio que não”, questiona. “A gente nota que, irresponsavelmente, não foi tomada uma medida durante a eleição, com medo de resultados nas urnas”, observou o deputado, lembrando que desde o início da campanha se posicionou contrário ao fechamento do comércio.
Na sequência, a deputada Cibele Moura classificou como "hipocrisia" a retomada do assunto nesse momento. “Pergunto-me por que esse tema não voltou aqui semana passada ou há 15 dias? Na minha região havia um decreto que proibia a aglomeração, mas em determinado momento a Justiça liberou a realização de eventos. Não existe outra palavra para definir esse momento que não seja hipocrisia, depois de uma eleição dessas, onde todos se aglomeraram, vamos agora falar em proibir os eventos e impedir as pessoas de ganharem dinheiro”, destaca Cibele Moura.
O deputado Léo Loureiro observou que todos sabiam que após uma grande onda de pandemia viria o "repique" e que não faz sentido responsabilizar as eleições pelo aumento de casos pois, com a reabertura do comércio e o retorno das pessoas às ruas, isso já era esperado. “Nós tivemos restaurantes cheios, bares e indústrias trabalhando, ou seja, era natural que houvesse o repique ou segunda onda como se fala”, disse. “Por isso mesmo, o Governo se preparou para isso. Não estou dizendo que concordo em fechar, mas o que estou querendo explicar é que não se credite às campanhas eleitorais o aumento dos casos”, argumentou Loureiro.