Centenário de Ulysses Guimarães é celebrado em sessão solene na Câmara
Nesta quinta-feira, data em que se comemorou os 100 anos de nascimento de Ulysses Guimarães, a Câmara dos Deputados realizou uma sessão solene para homenagear o político brasileiro morto em 1992. Diversos parlamentares destacaram o papel de Dr. Ulysses, como era mais conhecido no meio político, na defesa da democracia e na elaboração da Constituição de 1988.
“Ulysses Guimarães foi o grande ator político por trás da Constituição”, disse o deputado José Fogaça (PMDB-RS), um dos relatores adjuntos da Assembleia Constituinte de 1987-1988.
O deputado destacou a coragem do político paulista durante a ditadura militar (1964-1985), quando enfrentou o regime pela volta da democracia. Para Fogaça, Dr. Ulysses foi o grande nome político da época. “Ulysses Guimarães marcou um momento da vida brasileira porque foi timoneiro, foi condutor, porque soube nos liderar em mares tempestuosos”, disse.
Capacidade de mobilização
Os deputados que propuseram a homenagem a Ulysses ressaltaram a proximidade do homenageado com a população, o que lhe conferia uma capacidade única, em sua época, de mobilização popular. “Dr. Ulysses aproximou a Constituinte de toda a população”, afirmou Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).
Além de Hauly, a sessão foi proposta pelos deputados Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Heráclito Fortes (PSB-PI) e Alceu Moreira (PMDB-RS). Para Hauly, a atuação de Ulysses fez com que ele conquistasse um “respeito suprapartidário”.
Para Alceu Moreira, o homenageado é, até hoje, uma “luz da política nacional”. Para o parlamentar, é preciso cultuar não apenas a figura do Dr. Ulysses, mas principalmente seu exemplo histórico, principalmente neste momento de crise política e econômica. “Um homem que para mim, vindo da roça, parece um cerne de angico falquejado a machadinhas.”
Histórias
Durante a sessão solene, Heráclito Fortes, que conviveu com o homenageado, afirmou que Ulysses Guimarães era uma figura inquieta, que tinha uma maneira especial de conquistar as pessoas. “Ele não tinha retrovisor. Ele não olhava para trás”, disse Fortes, que fez um discurso mais pessoal.
Ele relembrou histórias envolvendo Ulysses, como a da “Turma do Poire”, que reunia um grupo de político semanalmente em um restaurante de Brasília para discutir política. O nome do grupo refere-se a um destilado de pera que era apreciado pelos integrantes, como Renato Archer, Pacheco Chaves, Severo Gomes, além do próprio homenageado. “Não fazia outra coisa que não fosse política”, disse Fortes.
Lembrança
A sessão solene foi realizada no principal plenário da Câmara, que leva o nome do político. Representando a família de Ulysses, seu enteado Tito Enrique da Silva Neto ressaltou que o Congresso Nacional foi ponto central de quase toda a atividade política do pai e, portanto, nada mais justo que o Plenário da Casa levar o seu nome.
“É emocionante ver ser exemplo de vida pública ser lembrado a todo instante. Sentimos orgulho de ver nosso pai como referência de ideal, convicção democrática e honestidade para nossos homens públicos.”
Selo postal
No início da sessão solene, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente dos Correios, Guilherme Campos, lançaram um selo em homenagem da Ulysses. Os participantes da homenagem também assistiram a trechos do documentário que a TV Câmara fez sobre a vida do parlamentar paulista.
Após a sessão, houve o lançamento do livro “Ulysses Guimarães”, do jornalista Luiz Gutemberg, que integra a coleção Perfis Parlamentares, editada pela Câmara, e a abertura de uma exposição com fotos de momentos marcantes da vida dele.
Na abertura, Rodrigo Maia disse que Ulysses demonstra a importância que tem a Presidência da Câmara: “Uma Câmara que teve Dr. Ulysses, que foi um grande político, talvez um dos maiores estadistas que a política brasileira teve, que sempre defendeu a democracia e que reconstruiu, junto com outros, a redemocratização do Brasil a partir de 1985.”
Agência Câmara Notícias