Deputados alagoanos opinam sobre o sistema de votação através de lista fechada

por Comunicação/ALE publicado 31/03/2017 17h08, última modificação 31/03/2017 17h08

Em meio às discussões em torno da proposta de reforma política que está sendo articulada no Congresso Nacional, o sistema de votação através de lista fechada para as eleições proporcionais vem ganhando força entre os congressistas. No entanto, para alguns parlamentares da Assembleia Legislativa, a metodologia não está sendo vista com bons olhos. Dos seis deputados entrevistados, apenas o deputado Olavo Calheiros (PMDB) se mostrou favorável à proposta, sob o argumento de se reduzir os custos das campanhas eleitorais.

“O que se discute na verdade é o financiamento de campanha. Há pouco tempo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que não pode mais existir o financiamento privado e não há outra alternativa, senão o financiamento público”, explica Calheiros. “E o financiamento público não pode ser para os candidatos, mas para os partidos. As candidaturas, nesse quadro, teriam que ser por uma lista fechada, porque é impossível o financiamento público para candidatos. Então eu concordo, acho que é uma saída”, avalia Olavo Calheiros, ressaltando que, se a medida não der certo, outra alternativa deve ser encontrada.

Já o deputado Inácio Loiola (PSB) foi taxativo e disse ser radicalmente contra a lista fechada, sistema pelo qual os eleitores votam no partido e não nos candidatos, como ocorre atualmente, e os votos distribuídos de acordo com uma ordem previamente definida pela legenda partidária. “Sou contra essa história de votar em partido. O povo não sabe nem o que é partido. Você tem que votar no candidato”, disse Loiola.

Na mesma linha de raciocínio segue o deputado Pastor João Luiz (PSC), cuja opinião é de que a lista fechada tem como objetivo “proteger” políticos que estão envolvidos em escândalos de corrupção desencadeados pela operação lava jato da Polícia Federal ou com problemas na Justiça. “E nós vamos ficar à mercê do presidente da legenda ou de quem está na cabeça do partido, que vai colocar na lista as pessoas que achar melhor para ele”, justificou João Luiz.

O deputado Dudu Hollanda (PSD) é outro que se posiciona contrário à lista fechada, por ser a favor da democracia e acreditar que o novo modelo de escolha de candidatos (deputados federais, deputados estaduais e vereadores) seja aplicado já nas próximas eleições. “Se por acaso a lista fechada vier a se consolidar, vou ter que atender a determinação do meu partido, porém defendo a forma hoje colocada, para que as pessoas tenham o direito de disputar a eleição democraticamente”, defendeu Hollanda.

Assim como os demais colegas de plenário, o deputado Rodrigo Cunha (PSDB) se coloca contrário à mudança no sistema de votação para as disputas proporcionais. Ele é de opinião que o momento atual pede uma renovação geral na política e que se faça mudança na legislação eleitoral. “Mas não dessa forma, para prejudicar os novos políticos, as novas pessoas que poderiam ter acesso. Acredito que tudo que é público precisa ser aberto, não fechado. Não vejo vantagem nesse sistema no momento evolutivo que o país passa”, disse. “Pois acredito que vai beneficiar quem já tem mandato. Não é assim que iremos mudar nossa realidade”, concluiu Cunha.

Na opinião do deputado Ronaldo Medeiros (PMDB) a proposta traz um lado positivo, uma vez que reduz os custos das campanhas políticas. “Mas, por outro lado, pode causar um ponto negativo, porque os partidos que não são muito democráticos, podem levar o eleitor a escolher pessoas que dominam as legendas”, ressalvou Medeiros. “Tem que se pensar numa forma em que a democracia prevaleça”, completou o parlamentar.