Deputados criticam falta de investimento do Governo em projetos hídricos
Em apartes ao pronunciamento do deputado Inácio Loiola (PDT), que destacou as questões hídricas do Estado durante a sessão plenária desta terça-feira, 23, vários parlamentares se posicionaram sobre o assunto e criticaram a falta de investimento do Governo em projetos para a melhoria do setor. O deputado Davi Maia (DEM), que milita sobre as questões relacionadas ao meio ambiente, disse que até o momento foram investidos R$ 3 bilhões de recursos federais nas obras do Canal do Sertão. “E o que o Governo estadual tem feito? Quanto do tesouro está sendo investido?” cobrou Maia, afirmando que os recursos do Fecoep (Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza) poderiam ser utilizados para esse fim.
Já a deputada Jó Pereira (MDB) alertou para a possibilidade do eventual bloqueio da execução física, orçamentária e financeira da construção do Canal do Sertão em Alagoas, no Orçamento da União para 2021. A recomendação pelo bloqueio é do Comitê de Avaliação das Informações sobre Obras e Serviços com Indícios de Irregularidades Graves (COI), coordenado pelo deputado federal Ruy Carneiro (PSDB-PB). “Preocupa-me bastante que essa sugestão esteja em relatório enviado pelo TCU (Tribunal de Contas da União), e deixo o alerta para a bancada federal, que deve contribuir na apuração dos fatos e não permitir a descontinuidade da obra”, disse a parlamentar.
O deputado Paulo Dantas (MDB) reforçou a importância da água para a saúde e sobrevivência das pessoas, sobretudo nesse momento de crise sanitária e econômica sem precedentes na história recente. Para ele, as dificuldades no abastecimento de água pelas quais atravessam o Semiárido alagoano, se dá tanto pela ineficiência dos serviços prestados pela Casal quanto pela interrupção do fornecimento através dos carros-pipa. “É a maneira ideal de levar água ao cidadão, por meio de carros-pipa? Obviamente que não. O ideal, com certeza, é levar água encanada através de um serviço de qualidade. Mas não temos como resolver isso em curto prazo, por isso não podemos abrir mão desse serviço”, disse Dantas
O deputado Antonio Albuquerque reforçou a fala de Dantas e questionou o motivo do Governo do Estado não realizar obras para melhorar a vida dos sertanejos, já que possui recursos em caixa. Outro que se posicionou foi o deputado Francisco Tenório (PMN), observando que, apesar das obras do Canal do Sertão serem realizadas por meio de recursos federais, o Estado tem dado sua contribuição. Ele disse reconhecer que Alagoas deixa a desejar com relação aos projetos de irrigação e carece de investimentos na agricultura. No que diz respeito às barragens que estão sendo feitas a partir do Canal do sertão, motivo de críticas por parte de alguns parlamentares, Tenório informou que essas estão sendo construídas próximas as pequenas comunidades e nos leitos de córregos que não são perenes. “Tem a finalidade de barrar as águas das chuvas e, no momento que forem insuficientes, ser complementadas com as águas do Canal do Sertão. Isso é um projeto experimental. Já solicitamos que projetos semelhantes fossem feitos nos leitos de rios como o Paraíba e Mundaú”, informou.
O deputado Ricardo Nezinho (MDB) usou seu aparte para destacar uma situação que considera incoerente ao longo da história de Alagoas: a de que o São Francisco, apesar de beneficiar o Sertão alagoano, nos 200 anos de existência de Alagoas, não tem projetos de irrigação para as terras que margeiam o rio. Ele fez um comparativo com Israel, onde 100% das águas são reaproveitadas. “Vemos que o rio São Francisco banha o sertão alagoano e não aproveitamos de forma inteligente essas águas”, disse, acrescentando que em Arapiraca, apesar da existência de duas adutoras, a água não chega aos lares dos arapiraquenses porque não há investimentos nas tubulações da rede de abastecimento da cidade.
Na sequência, o líder do Governo na Casa, deputado Silvio Camelo (PV), informou que o Canal do Sertão já abastece a adutora do Alto Sertão, abrangendo nove municípios, e que o trecho 5 da obra está sendo finalizado, o que vai resolver o problema da captação de água de toda a Bacia Leiteira. “O Canal está sendo utilizado, muito aquém do que poderia ser, mas ações estão sendo feitas para um melhor aproveitamento. Vamos aguardar a conclusão do trecho 5 e as próximas etapas da obra”, disse Camelo.