Deputados debatem adoção de toque de recolher e ações restritivas contra pandemia
A possibilidade de medidas mais restritivas por parte do Governo, devido ao aumento dos casos de Covid-19 no Estado, foi alvo de debate no plenário da Assembleia Legislativa durante a sessão ordinária desta quinta-feira, 4. O assunto foi abordado inicialmente pelo deputado Francisco Tenório (PMN). “A imprensa tem anunciado que o Governo do Estado, juntamente com o Governo Municipal, tem estudado a situação atual de proliferação da Covid-19 e possivelmente serão adotadas medidas mais restritivas ao convívio social, no uso de máscaras e na questão da higiene pessoal”, disse. “Eu concordo. Agora, as informações de que em Maceió será decretado toque de recolher de meia-noite às 6h da manhã, eu não vejo sentido. Decretar toque de recolher quando a população já está recolhida”, criticou Tenório.
No entendimento do parlamentar, quem transita em Maceió, especialmente na orla, durante o horário que está sendo estipulado, verá que não há circulação de pessoas nem aglomerações. “Então, naturalmente, não terá efeito. É um toque de recolher que não tem sentido. Talvez só para demonstrar que se está tomando alguma posição?”, questionou Francisco Tenório, cobrando a participação do Poder Legislativo na tomada de decisões sobre o assunto. “Acho de fundamental importância que, nessas comissões onde se discutem medidas a serem tomadas, esteja presente um membro do Parlamento”, cobrou.
Em aparte, o líder do Governo na Casa, deputado Silvio Camelo (PV), esclareceu que nesse primeiro momento, tanto o Executivo estadual quanto a Prefeitura de Maceió e demais municípios alagoanos, irão adotar ações paulatinamente, de acordo com as necessidades. “Restringindo cada vez mais. Não será aplicado um lockdown logo de início, porque seria uma atitude extrema. Como Alagoas, segundo as pesquisas, tem sido um dos estados com menor ocupação de leitos, não se faz necessário um lockdown”, assegurou o governista, observando que medidas mais restritivas, a priori, serão adotadas para evitar uma ação mais extrema. “O setor produtivo, os bares, restaurantes, seriam diretamente atingidos, como já foram no ano passado, com o cerceamento da abertura de suas empresas, sendo este o setor que mais emprega no Estado”, disse Camelo.
O deputado Cabo Bebeto (PTC) também colaborou com o debate, lembrando que, em setembro do ano passado, o Governo desativou o hospital de campanha instalado no Centro de Convenções, em Jaraguá, devido ao baixo número de casos. Segundo o parlamentar, à época, o governador anunciou que estaria deixando a estrutura em stand by, no entanto, “não foi explicado para onde foram enviados os insumos e os equipamentos que estavam disponibilizados nos 154 leitos exclusivos para tratamento de pessoas com Covid-19”, acrescentando que, com o aumento dos casos da doença, este seria um bom momento para reativar a estrutura. “Só espero que esse material não tenha sido levado para os hospitais inaugurados recentemente pelo governo, pois, se tiramos de um para colocar em outro, a estrutura segue a mesma”, comentou Cabo Bebeto.
Na sequência, o deputado Ronaldo Medeiros (MDB) concordou com Francisco Tenório no que se refere ao toque de recolher a ser implantado em Maceió. “Infelizmente, a Covid foi politizada. Ninguém está olhando vidas neste momento, nem a saúde do brasileiro”, avalia o parlamentar. “Um grupo condena se fechar (o comércio), que a economia deve ser colocada em primeiro lugar. Mas estamos vendo longas filas nos hospitais no Brasil inteiro, a exemplo de Santa Catarina e São Paulo”, comenta o parlamentar, observando que em Maceió os hospitais particulares já anunciam falta de vagas. “Podemos discordar do Governo (de Alagoas), e eu tenho algumas discordâncias, mas na Saúde houve várias ações. É importante essa cobrança da Assembleia, mas temos que destacar que, não fossem essas novas vagas abertas, com certeza Alagoas estaria lamentando mais mortes”, contrapôs Medeiros.