Deputados questionam atitudes do Executivo e cobram trabalho unificado entre municípios e Estado
A sessão plenária virtual desta quinta-feira, 2, foi marcada por discussões em torno de uma maior integração entre o Governo Federal, estados e municípios nas ações de combate ao coronavírus. As medidas do Governo de Alagoas no enfrentamento à Covid-19 também foram duramente criticadas pelos parlamentares. "Estamos vivendo uma crise gerada dentro do próprio Governo. Um Governo que alardeou, no início da pandemia, que tinha leitos, que tinha toda a retaguarda resolvida e um sistema que, posto em prova, falhou", criticou o deputado Davi Maia (DEM).
De acordo com ele, o Executivo se colocou em uma posição de confronto com a sociedade no momento em que há desencontros de informações entre os próprios organismos do Governo no tocante a disponibilidade de leitos e hospitais para recebimento de pacientes. "O cidadão alagoano está desnorteado, sem saber a quem recorrer. A maior prova é que perdemos o rumo, porque o governador, pela primeira vez, se absteve de ir à imprensa ontem", observou Maia, acrescentando, em seguida, que o Brasil inteiro cobra as ações do Governo Bolsonaro, mas não vemos nenhuma posição a respeito do Estado de Alagoas". "Qual o resgate econômico do Estado? Qual o resgate social? Como é que vamos ajudar na renda mínima? Qual é o protocolo de atendimento dos leitos?", questiona o democrata, destacando a importância de se ouvir, amanhã, a diretora do Instituto Saúde e Cidadania, Sandra Maria Gico Lima Belo, que tem a gestão de todas as UPAs e hospitais do Estado e da prefeitura de Maceió.
Na mesma linha de raciocínio, o deputado Cabo Bebeto (PSL) trouxe como exemplo os relatos de parentes da segunda vítima por suspeita de coronavírus no Estado, onde fica demonstrado o desencontro de informações passadas pelo Governo e o que está ocorrendo na prática. Entre as distorções, segundo Bebeto, está a de que os pacientes com a Covid-19 não estariam recebendo o diagnóstico em tempo hábil e nem transferidos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Trapiche, por falta de leitos em outros hospitais tidos como referência para o tratamento da doença.
Na sequência, a deputada Jó Pereira (MDB) se associou aos colegas no sentido de melhor organizar o fluxo de atendimentos aos casos suspeitos de coronavírus. Outro ponto abordado pela deputada foi com relação a educação. Ela observou que hoje as escolas particulares iniciaram as aulas virtuais e apelou à Secretaria de Estado da Educação e municipais que comecem a pensar na questão.
O deputado Inácio Loiola (PDT) destacou o empenho do Parlamento em apresentar propostas para auxiliar o Governo no socorro à sociedade durante a pandemia do coronavírus. "Desde o início das sessões virtuais e desse problema da pandemia do vírus, o Governo e a Sesau têm se preocupado apenas em estruturar a capital e Arapiraca, mas nós temos 102 municípios", observou Loiola, questionando, em seguida, como o Governo e os técnicos da saúde pública estão tratando os demais 100 municípios. "Apelo, mais uma vez, ao governador (Renan Filho) e ao secretário de Saúde, Alexandre Ayres, para dotar os demais municípios de estrutura suficiente para combater o coronavírus".
O deputado Léo Loureiro (PP) sugeriu à presidência da Casa, que intermediasse uma reunião entre o Governo, a presidente da Associação dos Município Alagoanos (AMA), Pauline Pereira, e o Parlamento, para que fosse montada uma ação unificada. "Os prefeitos precisam de orientação. E essa interlocução da Casa é muito importante", argumenta Loureiro. O deputado destacou ainda outro problema que o mundo tem atravessado: a subnotificação, devido a falta de kits para exames.
O deputado Marcelo Beltrão (MDB) se colocou à disposição para, juntamente com a deputada Jó Pereira, fazer a interlocução com a AMA. Ele disse que sua preocupação com os municípios é constante. Prova disso é que apresentou requerimento para que haja planejamento e informação padrão nas unidades de saúde da família, sobre o que pensa o Estado no combate ao coronavírus. "E nada melhor que a AMA participe desse planejamento. A nossa preocupação é que os municípios também possam ter leitos próximos à sua disposição", disse Beltrão.
Ao se associar aos demais parlamentares sobre a necessidade de implantação de um protocolo para a rede de atendimento aos casos de coronavírus, o deputado Bruno Toledo (PROS) se disse apreensivo com as questões sanitárias da população. "Sabemos que estamos diante de um problema crônico e gravíssimo. Uma solução precisa ser dada, apesar da complexidade, de envolver muitos fatores", ressaltou, acrescentando, que seu receio é maior com as consequências da paralisação das atividades econômicas.