Mestras Vânia, Irinéia e Dona Morena são condecoradas com a Comenda Lêdo Ivo
A Assembleia Legislativa realizou nesta segunda-feira, 28, uma sessão solene para outorgar a Comenda Lêdo Ivo às artistas Mestra Vânia, Mestra Irinéia e Dona Morena Teixeira, em reconhecimento às suas contribuições na promoção e no desenvolvimento da cultura alagoana. A proposição é de autoria da deputada Fátima Canuto (MDB) e foi aprovada por unanimidade. “Essa comenda é conferida a personalidades que tenham, por qualquer meio ou iniciativa, prestado relevantes serviços em prol da preservação ou do desenvolvimento das artes e da cultura em nosso Estado, e estas mulheres guerreiras, criativas, fortes e inspiradoras, sem dúvidas nenhuma, são merecedoras desta honraria”, disse a deputada.
Citando o trabalho de cada uma das homenageadas, a deputada disse que a “Mestre Vânia é referência é referência em fibra e papietagem. No entanto, tem como elemento central de sua arte a cultura popular. Os fitilhos coloridos auxiliam na criação do imaginário do folguedo alagoano, que podem ser vistos em chapéus de guerreiro e bumbas meu boi. Irinéia Rosa Nunes da Silva, Mestra Irinéia, é uma das mais reconhecidas artistas da cerâmica popular brasileira. Mestra artesã do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2005, iniciou sua história com o artesanato no povoado quilombola Muquém, em União dos Palmares, onde nasceu e vive até hoje. Já Bernadete Rosália Teixeira, ou Dona Morena, como é conhecida, é a mais antiga bonequeira da Ilha do Ferro, em Pão de Açúcar. Nascida em 1926, somando quase um século de vida, ela também é contadora de histórias e acabou se tornando referência para quem queria seguir o mesmo ofício na região”, afirmou.
Mestre Vânia
Com 35 anos dedicados a arte popular, Mestre Vânia inaugurou em 2019 uma loja própria, Raízes de Alagoas. Comprometida com o repasse dos conhecimentos, ela ministra aulas e promove diversos cursos, oficinas e palestras. É vice-presidente da Federação Alagoana de Artesãos, secretária da Confederação Nacional do Trabalhador Artesão, participou da construção do Plano Nacional do Artesanato no Ministério da Cultura e foi conselheira nacional do CNPC (Conselho Nacional da Previdência Privada). “Aqui na Assembleia é a segunda comenda que recebo. Quero agradecer a deputada Fátima Canuto, que tem um olhar diferenciado para a Cultura, mas também quero dizer que a cultura brasileira, depois de quatro anos de descaso, pede socorro e essa sessão é importante para que esta Casa olhe para gente e apoie a cultura alagoana. Acho que estamos no caminho certo”, destacou Mestre Vânia.
Mestra Irinéia
Mestra Irinéia começou com a finalidade de auxiliar sua mãe, fazendo panelas de barro, mas acabou recebendo outras encomendas de pessoas que estavam pagando promessas - levando uma parte do corpo curada, feita de cerâmica, como agradecimento ao santo. Dessa forma, ela começou a fazer cabeças, pés, entre outras peças. Hoje ganham destaque as obras “A Jaqueira” e “O Beijo”. Entre outras esculturas, as cabeças e figuras humanas moldadas no barro carregam muito simbolismo, trazendo referências e elementos dos episódios de lutas e conquistas vividos pelos moradores da sua comunidade e do Quilombo dos Palmares. “Essa homenagem é muito importante para mim, pois mostra um reconhecimento ao meu trabalho, que me chegar até aqui. Posso afirmar que a arte melhorou muito minha vida. Obrigado a deputada Fátima Canuto por essa comenda e por valorizar muito nosso trabalho”, disse Mestra Irinéia.
Dona Morena
Tudo começou quando, na infância o pai de Dona Morena comprou bonecas para as quatro filhas; a dela, entretanto, lhe pareceu menos bonita do que a das irmãs. Chateada, rasgou as bonecas e após a bronca da mãe precisou refazer as bonequinhas de pano. Foi assim que descobriu o talento e também a paixão. Dona Morena não parou mais de costurar bonecas com suas roupas enfeitadas e seus acessórios, deixando sua marca registrada na história dos artesãos da Ilha do Ferro. Devido à idade avançada, 97 anos, Dona Morena foi representada na solenidade pelo professor da Uneal, Jairo Campos. “Morena Teixeira possui vários aspectos importantes na sua existência. Até hoje ela repassa para as novas gerações, através de vários gêneros, seus conhecimentos e sua visão de mundo. Dona Morena, bordadeira, que faz boneca de pano, benzedeira, que cura, devota de Padre Cícero, que canta, que faz doce. Uma mulher incrível, um verdadeiro patrimônio vivo alagoano que guarda estas singularidades”, afirmou Jairo Campos.
Compareceram à sessão ainda a deputada Rose Davino (PP); o vereador por Pilar e professor Luiz Carlos; o presidente da Federação das Associações dos Artesãos do Estado de Alagoas, Sérgio Nascimento; o secretário de Cultura de Pão de Açúcar, Igor Luiz; o presidente da Federação das Organizações da Cultura Popular e do Artesanato Alagoano, João Lemos; o secretário executivo de Políticas Públicas da Secult, Milton Muniz; a presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Alagoas, Elia Pontes; familiares das homenageadas; a museóloga Carmen Lúcia Dantas e representantes da Cultura alagoana.