Nota da Secom ganha repercussão em plenário
A nota na qual o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), admite que errou ao reproduzir matéria responsabilizando o deputado Davi Maia (DEM) de propagar "fake news", repercutiu no plenário da Casa durante a sessão ordinária desta terça-feira, 23. O primeiro a se posicionar foi o próprio Maia, que agradeceu aos pares, especialmente ao presidente da Casa, deputado Marcelo Victor, pelo apoio enquanto Parlamento e por haver permitido o compartilhamento da nota nas redes institucionais da Casa.
No entanto, o parlamentar cobrou também que, assim como o Executivo, seus colegas de plenário, deputados Sílvio Camelo (PV) - que é líder do Governo na Casa -, e Francisco Tenório (PMN) também se retratassem com ele. "As palavras desferidas a mim por vossas excelências foram muito fortes! Depois disso tudo, acho que já chegou o momento dos senhores se retratarem também", cobrou. "Já provei que estavam errados, já mostrei que não faço fake news, espero que a nobre ação do Governo de Alagoas seja repetida pelos colegas", disse Maia, cobrando ainda que o jornal Tribuna Independente, da mesma maneira que estampou em sua capa que o parlamentar era criador de "fake news", também restabeleça a verdade "como foi feito pelo Governo do Estado".
Em aparte, o deputado Sílvio Camelo disse que sempre enalteceu o papel da oposição no Parlamento e que a divergência é salutar para qualquer instituição, principalmente ao Poder Legislativo. "Disse, aqui no plenário, que muitas vezes os deputados são levados a fazer algumas denúncias que depois não são comprovadas, não por culpa do parlamentar, mas por pessoas que levam informações que não são verídicas", lembrou Camelo, observando que o Parlamento também é constituído pelo debate antagônico. Respondendo a um dos questionamentos feitos por Maia no que diz respeito a compra dos respiradores pelo Consórcio Nordeste, Sílvio Camelo disse que o Governo do Estado foi vítima.
"Foi vítima de uma pandemia; vítima de um momento em que todos os governantes dos Estados do Nordeste estavam e estão aflitos no enfrentamento da maior pandemia que se tem notícia", assegurou o líder governista, destacando, por fim, a atuação de Davi Maia e parabenizando ao Executivo pelo reconhecimento do erro.
O deputado Bruno Toledo (PROS) também se associou ao pronunciamento de Davi Maia destacando sua atuação parlamentar, classificando-o como um político vigilante, cuidadoso, proativo e do diálogo. "Vossa Excelência faz o papel fundamental para que o Legislativo funcione na sua essência, que é o do contraditório, sem criar arestas com seus pares. Quando do ataque do Estado contra a sua denúncia, confesso que me senti tão atacado quanto o seu mandato", declarou Toledo, observando que a errata não é apenas um reconhecimento ao mandato de Maia, mas do papel constitucional do Legislativo. "Que bom que o Executivo reconhece um grave equívoco praticado pela sua comunicação com essa errata, assim restabelecendo o bom andamento entre os Poderes", disse.
O deputado Francisco Tenório disse reconhecer a importância do papel da oposição no Parlamento e para o Governo, que diante das denúncias podem adotar as medidas cabíveis para corrigir erros da administração. "Como espero que as tenha tomado no Lacen, ao reconhecer as denúncias de vossa excelência como verídicas", disse. "Embora, como se trata nesse momento de pedidos de desculpas, gostaria de dizer que quando trouxer as notas comprovando o fornecimento de quentinhas feitas pela mãe da funcionária do Lacen, também irei me desculpar", rebateu.
Em tom mais crítico, o deputado Cabo Bebeto (sem partido) disse nunca ter visto um ataque pessoal a parlamentar feito de forma institucional. "Eu senti esse ataque também e isso tem que ser judicializado", observou. "Você pode medir a repercussão de cada postagem dessas e tenha certeza que a primeira que o atacou diretamente foi replicada 'por mamadores' e essa não", argumentou Bebeto, avaliando que a primeira publicação foi desrespeitosa e que Maia não deveria se dar por satisfeito com a errata.
O deputado Antonio Albuquerque (PTB) contou que ao longo dos mais de 25 anos de mandato na Assembleia Legislativa pode observar relações ásperas entre membros dos três Poderes e órgãos da administração pública e da sociedade como um todo. Para ele, no entanto, a "temperança e o equilíbrio" devem prevalecer. Assim como os demais, destacou a atuação parlamentar de Davi Maia. "Parlamentar atuante, fiscalizador e isso, sem dúvida alguma, tem agradado sua consciência de homem público", disse. "O reconhecimento do Governo faz jus a apenas um dos atos de vossa excelência. Ao tempo que o parabenizo, recomendo a ter sempre a temperança indispensável e o equilíbrio necessário para não se deixar levar pela emoção", completou.
A deputada Jó Pereira (MDB) avaliou que, com a retratação pública por parte do Governo, ganha também o Parlamento. Pois, segundo ela, é necessário que as prerrogativas do Legislativo sejam sempre defendidas. "São elas que fortalecem esse Parlamento. Gostaria de parabenizar vossa Excelência pela atuação fiscalizatória, corajosa - muitas vezes - de se expor por denúncias necessárias", disse a deputada, colocando-se à disposição na defesa das prerrogativas parlamentares, sobretudo no que diz respeito a fiscalização.
Na mesma linha, o deputado Galba Novaes (MDB) também entendeu que a errata do Governo representa o fortalecimento do Poder Legislativo. "Neste momento em que Vossa Excelência mostra a retratação do Governo em relação a forma como foi tratado, me deixa mais tranquilo e satisfeito em fazer política no Estado, pelo reconhecimento do Executivo em que existiu um erro", declarou Novaes, parabenizando Maia pela atuação na Casa de Tavares Bastos.