Número de leitos de UTI reservados para pacientes da Covid-19 é tema de debate
Na sessão plenária desta terça-feira, 7, onde, pela primeira vez, foram contabilizadas as presenças tanto físicas quanto virtuais dos parlamentares, o debate girou em torno da divergência de informações passadas pelo Governo do Estado, no que diz respeito ao número de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) reservadas para os pacientes com a Covid-19. De acordo com a deputada Jó pereira (MDB), houve um erro de comunicação entre o que o Estado tem disponível e o que está se planejando ter até maio deste ano. "Foi divulgado que tínhamos 200 leitos de UTIs específicos para o Covid-19, mas não temos. O Estado está se preparando para ter", informou a parlamentar.
Na sequência, a deputada Jó contou que, segundo o secretário de Saúde, Alexandre Ayres, Alagoas conta, atualmente, com 10 leitos de UTIs no Hospital da Mulher, 20 leitos de Unidades de Cuidados Intermediários (UCIs) no Hospital Veredas, sete na Unidade de Emergência do Agreste e 15 leitos de UTIs no Hospital de Coruripe. "Totalizando 52 leitos de UTIs exclusivos para a Covid-19", destacou a parlamentar, acrescentando que, de acordo com o protocolo de transferência, esses leitos são para os casos confirmados. "E hoje, também em razão das cobranças desta Casa, do Conselho Regional de Medicina, dos médicos infectologistas, os casos graves são prioridades na testagem. O que significa que teremos diagnóstico e transferência mais rápidos", informou a parlamentar, complementando que existem ainda os leitos de retaguarda no Hospital Veredas, que devem ser utilizados por pessoas com suspeitas da doença, mas ainda não testadas.
De acordo com o deputado Léo Loureiro (PP), quando o secretário de Saúde, Alexandre Ayres, se refere aos 800 leitos de retaguarda, que serão necessários para o completar o ciclo, é importante esticar a linha da curva do pico da pandemia no Estado, mantendo-se o isolamento social e as medidas restritivas ao comércio, para que os pacientes possam ir usando os leitos gradativamente. "Por isso que a Sesau está fazendo hospitais de campanha, porque sabemos que a estrutura de saúde, não só de Alagoas, mas do mundo, não está apta para uma demanda como essa", destacou. "Se assim fosse, países como os Estados Unidos e outros da Europa não estariam passando por dificuldades", ressaltou, parabenizando Ayres pelo compromisso no enfrentamento à pandemia em Alagoas.
Já o deputado Davi Maia (DEM) destacou matéria veiculada no último dia 16 de março, pela Agência Alagoas, site institucional do Executivo, dando conta que estaria disponibilizando 24 UTIs nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em todo Estado. "Essas UTIs não existem e nem existirão, porque segundo a diretora da UPA do Trapiche, Sandra Gico, as unidades não foram feitas para receber UTI. De acordo com ela, a UPA vai ter uma área para estabilização e, posteriormente, transferência para os leitos de retaguarda", informou, criticando a postura propagandista do governador Renan Filho. Maia prosseguiu informando que apresentou projeto de lei autorizando o Executivo a dispor dos recursos dos fundos de todos os Poderes do Estado, citando como exemplo o Funjuris, do Tribunal de Justiça, para ser investidos na saúde e na economia do Estado.
Outro que se posicionou sobre a questão foi o deputado Bruno Toledo (PROS). Ele observou que o decreto emergencial determinando o isolamento social e a paralisação do comércio teria como fundamento o planejamento de ações para o enfrentamento ao coronavírus. "A fim de que o Governo se prepare para receber as pessoas acometidas pelo vírus. Depois de 20 dias, o balanço é de dois óbitos. As duas vítimas faleceram em UPAs, que me parecem não ser adequadas para esse tipo de procedimento", avaliou Toledo, chamando a atenção para a necessidade de o Governo detalhar o planejamento para enfrentar os efeitos da pandemia.
Quem também cobrou do Governo do Estado um trabalho efetivo para minimizar os efeitos econômicos foi o deputado Cabo Bebeto (PSL). Baseado em relatos, ele enfatizou que o dilema da população é se vai morrer de fome ou de coronavírus. "Isso é o que a gente está vendo nas ruas. O comércio está pagando muito caro. É preciso flexibilizar, urgente, esse decreto estadual, respeitando todas as recomendações sanitárias e preservando as pessoas do grupo de risco. O governo precisa dar oportunidade para que as pessoas possam, gradativamente, voltar a trabalhar. O cidadão alagoano não aguenta mais", alertou. Cabo Bebeto também anunciou que os trabalhadores informais não inscritos em programas sociais poderão baixar, a partir desta terça, o aplicativo CAIXA|Auxílio Emergencial, que permitirá o cadastramento para receberem a renda básica emergencial. O auxílio - de R$ 600 ou de R$ 1,2 mil para mães solteiras - será pago por pelo menos três meses, para compensar a perda de renda decorrente da pandemia de coronavírus.