Primeira morte por Covid-19 em Alagoas repercute entre os deputados
A polêmica em torno da confirmação da primeira morte por Covid-19 em Alagoas repercutiu entre os deputados durante a sessão ordinária virtual desta terça-feira, 1º de abril. O primeiro a se reportar foi o deputado Davi Maia (DEM), que considerou preocupante as circunstâncias em que se deu a divulgação do óbito do homem de 64 anos, ontem, em Maceió. Diante disso, Maia, juntamente com o deputado Cabo Bebeto (PSL), protocolou um requerimento na Casa, para que a dirigente da Ocip, que administra a UPA do Trapiche da Barra, seja convidada para prestar os esclarecimentos necessários sobre os fatos. De acordo com Davi Maia, muita coisa ficou "nebulosa". "Isso por culpa da ânsia do governador (Renan Filho) ganhar likes na Internet. O governador anunciou na sua rede social do Instagram a morte do cidadão, antes mesmo de informar aos seus familiares", criticou o democrata.
Davi Maia conta que logo após o anúncio de Renan Filho, surgiram várias denúncias por parte de familiares, relatando as dificuldades que tiveram em busca de atendimento médico. "O Governo anda falando que as UPAs estão habilitadas para receber e internar pacientes com a Covid-19", disse, acrescentando que necessário se faz a presença da dirigente da Ocip para que a sociedade tenha conhecimento sobre quais as reais condições das UPAs de Maceió.
Na sequência, o deputado Cabo Bebeto disse que a divulgação do falecimento do paciente, antes mesmo de comunicar a família foi, "no mínimo, uma gafe". "Isso me surpreendeu bastante. Familiares deram vários depoimentos, dizendo que as UPAs não tinham estrutura para realizar atendimento ao pai deles, que o filho suspeitava que o pai tinha (Covid-19), que os médicos não deram o tratamento adequado..., foi, no mínimo, uma gigantesca gafe do governador de anunciar a causa da morte, sem primeiro informar à família", criticou Bebeto, se dizendo preocupado com o fato, uma vez que o Governo tem anunciado que a rede pública estadual está preparada para receber os pacientes com coronavírus.
O líder do Governo na Casa, deputado Silvio Camelo (PV), lamentou a notícia da primeira morte por coronavírus no Estado e esclareceu os fatos narrados por seus colegas, destacando as medidas que o Executivo tem adotado para enfrentamento à pandemia do coronavírus. "O Governo tem empreendido todos os esforços possíveis, preparando-se para o pior, rezando e torcendo para que venha o melhor", disse Camelo. De acordo com ele, o Executivo disponibiliza 11 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) como referência para o tratamento da Covid-19, com 29 leitos para tratamento intensivo e respirador para casos mais graves. "Hoje, temos nos hospitais de referência 85 leitos disponíveis e 148 cuidados intermediários nos hospitais da Mulher, Veredas e Sanatório, em Maceió, hospital de Coruripe e as UPAs", informou o líder governamental, acrescentando que estão em preparação para novos leitos a Unidade de Emergência do Agreste, o Hospital Universitário, a Santa Casa de Misericórdia de São Miguel dos Campos, o Hospital Humanitê e o Hospital Ib Gatto. Sílvio Camelo lembrou ainda que estão em fase de execução dois hospitais de campanha, um no ginásio do Sesi, para impedir a entrada de pacientes com sintomas de gripe no HGE, e outro no Centro de Convenções, para ampliar os leitos e os cuidados intermediários.
"Em 15 de maio, com a antecipação do cronograma, será entregue o Hospital Metropolitano, o maior investimento de saúde pública da história de Alagoas, com 30 leitos de UTI e 120 leitos para cuidados intermediários, que funcionará, neste primeiro momento, exclusivamente para tratamento da Covid-19", completou o líder do Governo.
O deputado Francisco Tenório (PMN) e a deputada Jó Pereira (MDB) também se pronunciaram sobre o assunto. O primeiro observou a necessidade de uma organização na forma de atendimento aos casos suspeitos de coronavírus, para evitar o que houve no caso dessa primeira morte no Estado. "A primeira vítima já trouxe sequelas para o Governo de uma maneira geral. Uma pessoa que perambulou à procura de um atendimento", destacou Tenório. A deputada Jó Pereira se solidarizou com a família da primeira vítima e manifestou preocupação com os cuidados que ela terá que tomar daqui pra frente, com relação ao distanciamento social. "Fica aqui o meu alerta neste momento de muita dor. Faltou cuidado do Governo do Estado em passar a informação, sem antes comunicar à família", declarou.
Experiência em Arapiraca
Já o deputado Ricardo Nezinho (MDB) trouxe como exemplo o protocolo que está sendo adotado no município de Arapiraca, para o atendimento dos casos suspeitos de coronavírus. De acordo com ele, ao chegar ao posto de saúde, as pessoas que apresentem sintomas de síndrome gripal são encaminhadas a unidade do Programa Sentinela, onde passam por avaliação médica e, em caso de constatação da doença, ficam em observação. Já os casos que, comprovadamente, não podem ser tratados no Sentinela, o Serviço de Atendimento Móvel (Samu) é acionado e o paciente transferido para a Unidade de Emergência do Agreste, hospital referência em Arapiraca para o tratamento da Covid-19. "Hoje, a UE possui sete leitos, mas esse número deve aumentar com outros hospitais que estão sendo montados. Esperamos que não seja necessário e que essa doença não avance tanto", observou Ricardo Nezinho, acrescentando que está havendo tratativas junto ao Governo do Estado para que outras Sentinelas possam ser implementadas nos demais municípios.