Sessão especial debate estratégias de combate ao câncer em Alagoas
Com o tema “Quem tem câncer tem pressa”, a Assembleia Legislativa realizou nesta segunda-feira, 8, uma sessão especial para debater a situação do câncer em Alagoas. A iniciativa foi da deputada Fátima Canuto (PRTB), em conjunto com o deputado Galba Novaes (MDB) e a bancada feminina da Casa. A sessão contou com a parceria da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Alagoas, que aproveitou a oportunidade para promover a campanha de rede nacional “Preciso Viver 2019”. Durante a plenária, o deputado Galba Novaes apresentou projeto de lei de sua autoria criando o Estatuto da Pessoa com Câncer, no Estado.
Ao abrir os debates, a deputada Fátima Canuto informou dados da Organização Mundial da Saúde, prevendo cerca de oito milhões de novos casos de câncer somente este ano em todo mundo. Segundo a parlamentar, a OMS estima 598 mil novos casos da doença. “A previsão para Alagoas é de 260 novos casos de câncer de mama, 350 de colo útero, 650 de próstata e 140 de boca entre os homens”, informou, destacando a importância de se discutir o câncer, o direito das pessoas sobre a detecção precoce da doença e também sobre o início do tratamento em tempo hábil. “Atualmente, a maior preocupação (segundo a OMS) é a elevação dos percentuais de diagnóstico em fases avançadas e, consequentemente, as altas taxas de mortalidade e morbidade hospitalares e também a incidência da doença, em nosso Estado, em pessoas cada vez mais jovens”, contou Fátima Canuto, observando que é com essa preocupação que o Parlamento traz ao plenário a temática.
O deputado Galba Novaes parabenizou a deputada Fátima Canuto e toda a bancada feminina da Casa pela iniciativa e ressaltou a importância da discussão do tema. Ele disse que colaborou com a sessão, apresentando o projeto de sua autoria, que cria o Estatuto da Pessoa com Câncer de Alagoas. Novaes destacou que trouxe a ideia do Estado vizinho de Pernambuco, cuja iniciativa foi do deputado estadual Rodrigo Novaes. “Que criou o primeiro estatuto da pessoa com câncer, no Brasil. Ele me passou essa ideia e me mandou todo o projeto”, contou. “Nós apresentamos o projeto em Alagoas, uma lei que vai dar proteção e segurança não apenas as pessoas acometidas pelo câncer, como também seus familiares, que em muitos casos não têm a atenção devida”, explicou Galba Novaes.
A deputada Ângela Garrote (PP) salientou a importância das discussões e falou sobre sua preocupação com a suspensão dos serviços de oncologia do Hospital Chama de Arapiraca. Ela disse esperar que o Governo resolva o problema tão logo seja possível. “Isso não pode acontecer no Estado. Eu, juntamente com as deputadas Flávia Cavalcante (MDB) e Fátima Canuto, vamos cobrar da Secretaria de Estado da Saúde para que, junto com o Governo, tomem as providencias cabíveis”, disse a parlamentar.
Já a deputada Flávia Cavalcante questionou se o Hospital da Mulher, que está sendo construído pelo Governo do Estado, terá uma unidade voltada para o combate ao câncer. Ela parabenizou a Rede Feminina de Combate ao Câncer por sua atuação em apoio e acolhimento às pessoas acometidas pela moléstia no Estado. “Qual o espaço que a oncologia vai ter no Hospital da Mulher? Nós precisamos saber, reivindicar. Porque o índice de câncer é muito grande e temos de trabalhar em prol dessas mulheres”, observou.
A deputada Jó Pereira (MDB) lembrou que em outras audiências públicas realizadas pela Casa ficou constatada a precariedade no atendimento oncológico no Estado. “O tratamento oncológico ainda é, por demais, desumano. Ouvimos relatos de pacientes nessa tribuna, onde profissionais, no decorrer da consulta diziam: ‘vire as costas que eu não quero ver o estado que está sua mama’”, observou a deputada, ressaltando a necessidade de se tratar dessa subjetividade, quando se fala na questão da humanização. “Precisamos capacitar os profissionais da área da saúde, a cerca de um tema muito importante na saúde pública que é a humanização”, completou a parlamentar.
A vice-presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer, Jane de Holanda Falcão, falou sobre a campanha “Preciso Viver 2019”. “O foco dessa campanha é a prevenção da saúde, levando informação para que as pessoas se cuidem e tenha hábitos saudáveis”, informou a militante, ressalvando outras questões, como a aplicação da lei 3752, a qual determina que o tratamento da pessoa com câncer comece em 30 dias após o diagnóstico da doença.
Precisa avançar
Representando a Sesau, o médico José Medeiros disse que o Governo tem acompanhado a questão e vem trabalhando o Plano Estadual de Saúde, visando contemplar os alagoanos com assistência ao câncer e destacou a importância do debate. “Somos um Estado que tem uma capacidade muito grande para solucionar o problema de câncer em todas as áreas”, assegurou o médico. “É preciso dizer que, apesar de termos três Cacons (Centro de Assistência em Alta Complexidade em Oncologia) e dois Unacons (Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia), há insuficiência de recursos para suprir a demanda”, declarou Medeiros, observando que há ainda muito o que avançar nas questões do diagnóstico e tratamento da doença em Alagoas.
A sessão contou com a participação do deputado Dudu Ronalsa (PSDB), representantes de diversas entidades do segmento; da Defensoria Pública Estadual; do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems), que realizou uma palestra com o tema “Dificuldades da rede oncológica”; além de médicos e vereadores de vários municípios alagoanos.