Gestão do Canal do Sertão é debatida em sessão especial
Considerada a segunda maior obra hídrica do País, o Canal do Sertão e a gestão de suas águas foram discutidas durante sessão especial realizada na manhã desta segunda-feira, 6, na Assembleia Legislativa. Proposta pelo deputado Inácio Loiola (PDT), a sessão teve como objetivo promover o diálogo e a construção de projetos para o uso racional e sustentável das águas do canal. “Costumo dizer que a região do Sertão, aliada ao Agreste de Alagoas, é a maior produtora de alimentos do Nordeste, o que precisa é disciplinar, saber quem vai gerir esse canal e, evidentemente, colocá-lo para funcionar”, observou Loiola.
De acordo com o deputado, o Canal do Sertão oferece todas as condições para que a região seja uma grande produtora de alimentos. “Lamentavelmente, desde que o projeto foi colocado em prática não foi elaborado o projeto agronômico para o aproveitamento dessas águas”, informou Loiola, lembrando que as águas têm usos múltiplos: irrigação, consumo humano e animal, e psicultura.
Com mais de 110 km de obras concluídas, o Canal do Sertão já consumiu cerca de R$ 2 bilhões de recursos públicos – estaduais e federais – e necessita de pelo menos mais R$ 2 bilhões para sua conclusão. Segundo o secretário estadual de Infraestura, Maurício Quintella, até o final do ano, o Governo deve entregar a quinta etapa do projeto. “O que há, às vezes, é descontinuidade no repasse de recursos. Nesse momento estamos trabalhando no trecho quatro, nós já temos 110 km com água no Canal”, informou o secretário. “Queremos chegar ao final do ano com o quilômetro 123 km do trecho quatro concluído, e não temos a certeza se teremos ou não recursos do Governo Federal”, contou Quintella.
De acordo com o secretário, até o momento cerca de 800 agricultores estão se beneficiando das águas do canal. As obras são geridas pelas secretarias de Estado de Infraestrutura (Seinfra), de Agricultura (Seagri) e de meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh).
Segundo o secretário de Agricultura, Ronaldo Lessa, a discussão foi de grande importância, tendo em vista que a conclusão das obras e a regulamentação do uso das águas do canal é uma das grandes aspirações dos sertanejos e agrestinos. “A luta pelo fornecimento d’água a gente já fazia há algum tempo, através das adutoras, mas a água como instrumento de produção foi concebida na criação do canal”, observou Lessa, acrescentando que “não é possível continuarmos com um bem desses, produzido com recursos públicos, sem que dê o retorno esperado pela sociedade”.
Já o gestor da Semarh, Fernando Pereira, destacou a importância dos debates e disse que irá levar todas as reivindicações e demandas para o Governo do Estado. O secretário adjunto da Semarh, Alex Gama, através de apresentação de slides falou sobre quatro programas hídricos que serão favorecidos pelo Canal do Sertão: são os programas Água Doce, Água Para Todos, Microssistemas de Abastecimentos, e o programa de recuperação das Nascentes e também sobre os custos do uso das águas do canal. Segundo ele, só este mês foram pagos R$ 290 mil de energia elétrica. “Precisamos saber quem vai pagar essa conta. Esse custo precisa ser viabilizado. Além disso, temos que ter técnicos presentes 24 horas por dia e precisamos de recursos para isso”, disse Gama, lembrando que é preciso reativar o grupo técnico que é composto pelos representantes do comitê gestor do Canal.
O presidente da Faeal (Federação dos Agricultores do Estado de Alagoas), Álvaro Almeida, disse que é imprescindível saber quem fará a gestão do uso das águas do canal. “São mais de 800 usuários que vem se beneficiando, mas de forma desordenada”, avaliou Almeida, acrescentando que é preciso tirar proposições concretas que viabilizem o uso das águas do Canal.
A sessão contou com a participação de prefeitos, vereadores e representantes de agricultores do Sertão e do Agreste alagoanos, bem como de técnicos das secretarias gestoras do Canal do Sertão.