Utilização de cotas em curso de pós-graduação gera debate no plenário
A utilização de cotas raciais e de orientação de gênero para acesso a vagas em curso de pós-graduação em Linguística e Literatura da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) gerou debate no plenário da Casa durante a sessão ordinária desta quarta-feira, 29. O assunto foi tema do pronunciamento do deputado Cabo Bebeto (PTC), que se mostrou contrário à forma escolhida para o preenchimento de vagas no primeiro semestre letivo de 2022, nos níveis de mestrado e doutorado, distribuídas no edital. Para ele, a norma estabelecida de acordo com a resolução nº 86/2018 pelo Consuni (Conselho Universitário), gera um “apartheid do bem”, motivo pelo qual informou que irá acionar o Ministério Público.
Durante a fala, Bebeto destacou o tópico do edital de convocação, onde consta que das 60 vagas oferecidas, sendo 38 para mestrado e 22 para doutorado, uma porcentagem está reservada para: candidatos/as negros/as (20% das vagas); indígenas (10% das vagas), deficientes (10% das vagas), pessoas trans: transgênero, transexual e travesti (10% das vagas); refugiados (10% das vagas) e assentados/as (10% das vagas), visando ao atendimento da política de ação afirmativa na pós-graduação.
“Isso é um absurdo! Deixa eu dizer a você que é indígena, que é negro, que é trans: você não é melhor nem pior do que eu em nada. Não aceite ser subtratado, despotencializado. Isso não agrega você em nada”, declarou Cabo Bebeto. “A gente não pode aceitar essa individualização. Nós somos uma sociedade única, com as nossas diferenças”, prosseguiu, criticando o fato de 91% das vagas disponíveis para o curso de doutorado serem destinadas para os cotistas. “O apartheid, lembro de várias imagens, separa brancos e negros. Será que o futuro será novamente uma fila para negros e outra para brancos?”, questionou o parlamentar, observando que, nesse caso, está se tratando de pessoas com curso superior. “Com essa conversa bonita de inclusão estamos segregando a sociedade e vamos pagar um preço muito caro por isso”, acredita Bebeto, complementando que futuramente “isso trará um prejuízo muito grande ao se tratar humanos iguais de forma diferente”.
Em aparte, os deputados Ronaldo Medeiros (MDB), Bruno Toledo (PROS) e a deputada Jó Pereira (MDB) contribuíram com o pronunciamento, apresentando seus pontos de vistas sobre o tema. Para Medeiros, a cota é um sistema de inclusão que visa reverter a desigualdade social e o racismo histórico. “Nós, brasileiros, temos uma dívida muito grande com os índios, com os negros. As cotas são justamente para dar oportunidade àquelas pessoas que foram discriminadas e que continuam sendo oprimidas”, rebateu o parlamentar, ressaltando que essa visão social da Ufal deve ser louvada pela sociedade.
De acordo com a deputada Jó Pereira não seria justo tratar igualmente pessoas que têm necessidades diferentes. “Só vamos combater as desigualdade que assolam o nosso País, e principalmente o nosso Estado, através do tratamento equânime”, destacou a deputada.
O deputado Bruno Toledo disse ser favorável às cotas para ascensão social, desde que o critério seja a vulnerabilidade social comprovada. “O grande contrassenso, a meu ver, é o formato de cotas atualmente. Não podemos entender que alguém precise do auxílio do Estado simplesmente pelo fato de ter a cor negra”, argumentou o parlamentar, acrescentando que não está fazendo discurso contra cotas, mas que se tenha um critério objetivo.